Jorge Augusto Maximino 

DO PREFÁCIO DO LIVRO ``INTERMITÊNCIAS``

 “Trata-se, por conseguinte, de uma obra que demonstra, por um lado, um pleno conhecimento dos nossos clássicos, desde Gil Vicente, e, por outro, uma elevada capacidade de construção dos diálogos, caracterização dos personagens e domínio dos tempos de fala. Situa-se Manuel Daniel, com estas peças e as que foram publicadas até agora, no patamar dos autores portugueses mais representativos do género dramático em Portugal na época contemporânea. Deve-se salientar que predomina nas suas peças uma forte componente didáctica, que é um excelente marcador dos seus textos e da construção do jogo dramático, elemento precioso e diferenciador da generalidade dos autores da sua geração, sendo curiosamente uma característica que escasseia na maioria dos autores dos nossos dias.”

 

Carlos Proença 

DO PÓSFÁCIO DO LIVRO CAMINHADA IMPERFEITA | EDIÇÃO COMEMORATIVA

 “Perante a efemeridade e agruras da vida não segue o diapasão de outros escritores como Vergílio Ferreira em “Para Sempre” e “Aparição”, ou, mesmo uma das suas grandes referências Miguel Torga em volumes dos “Diários” e “Criação do Mundo”, nos quais procuram estabelecer uma relação opositora e de complexidade com Deus. Manuel Daniel prescinde de um qualquer grito de revolta, não se lendo nos seus livros a morte como negra e impiedosa, nem tão pouco uma relação conflitual com Deus e de animosidade com a providência; a morte não só não lhe incutia temor com vislumbra nela a redenção. No poema “labirinto”, incluso no seu livro “A porta do labirinto”, um dos poemas que considero de maior substância, de maior ritmo e musicalidade, envereda pelo existencialismo, retoma as suas dúvidas filosóficas e transcendentais: quem somos, para onde vamos, onde poderemos ser felizes, no entanto emerge aí um tremendo «grito, grande como o infinito, cheio de sonhos e de ânsia».”

 

João Jorge Lourenço

O POETA É ETERNO 

O Poeta é eterno ! O nosso Poeta, o Poeta da Mêda e dos Medenses, não é finito. 

É mesmo eterno, como majestosamente canta Drummond de Andrade – um dos expoentes maiores da poesia em língua portuguesa – no seu poema “ Eterno” : “…eterno é tudo que não passa / pois não houve eternas as palavras / eternos os pensamentos / e passageiras as obras…”.

O Manuel Daniel não nos deixou, na medida em que nos legou toda a sua maravilhosa obra poética e literária, e assim continua a ilustrar as nossas vidas,  a recordar aquele AMIGO, que “ é maior que o pensamento “, como Zeca Afonso acentua na sua célebre canção.

Cada livro, cada texto, cada poema de Manuel Daniel  (para já não referir o campo epistolar, de que particularmente beneficiei) corresponde à eternidade própria dos que “da lei da morte se libertaram”, na inspiração sublime do nosso  “Príncipe dos Poetas”.

Por isso, continuo a dialogar com o meu padrinho do Crisma e a beneficiar, em todos os planos da minha vida,  dos seus valores,  dos seus ensinamentos, dos seus  exemplos, sempre ciente, todavia, de que, pelo menos,  a minha “pena” e/ou  a respetiva inspiração não têm engenho e arte para com ele ombrear. 

 Belo Horizonte, a 31 de Outubro de 2021
 
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