Carlos Proença 

DO PÓSFÁCIO DO LIVRO CAMINHADA IMPERFEITA | EDIÇÃO COMEMORATIVA

 “Perante a efemeridade e agruras da vida não segue o diapasão de outros escritores como Vergílio Ferreira em “Para Sempre” e “Aparição”, ou, mesmo uma das suas grandes referências Miguel Torga em volumes dos “Diários” e “Criação do Mundo”, nos quais procuram estabelecer uma relação opositora e de complexidade com Deus. Manuel Daniel prescinde de um qualquer grito de revolta, não se lendo nos seus livros a morte como negra e impiedosa, nem tão pouco uma relação conflitual com Deus e de animosidade com a providência; a morte não só não lhe incutia temor com vislumbra nela a redenção. No poema “labirinto”, incluso no seu livro “A porta do labirinto”, um dos poemas que considero de maior substância, de maior ritmo e musicalidade, envereda pelo existencialismo, retoma as suas dúvidas filosóficas e transcendentais: quem somos, para onde vamos, onde poderemos ser felizes, no entanto emerge aí um tremendo «grito, grande como o infinito, cheio de sonhos e de ânsia».”


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